Ministério Público classifica como irregular a contratação do
advogado Sacha Breckenfeld Reck, que foi consultor jurídico da licitação
e representava empresas que disputaram e venceram.
ADAMO BAZANI – CBN – Com informações do Jornal de BrasíliaImagine um integrante da comissão técnica de um time também atuar auxiliando a arbitragem num mesmo jogo.
É isso que pode ter acontecido, no entendimento do MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal, na licitação dos transportes da região que teve início em 2011.
O órgão agora ajuizou uma ação de improbidade administrativa contra o então secretário de transportes, José Walter Vazquez, por entender que o poder público contratou de maneira irregular o advogado especializado na área de transportes Sacha Breckenfeld Reck.
Sacha Reck, que já é réu na ação, tem na carteira de seus clientes vários empresários de ônibus de peso no setor, como as famílias Constantino e Gulin.
Segundo a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social – Prodep, enquanto Sacha recebeu R$ 740 mil de dinheiro publico para prestar consultoria em diversas etapas da licitação, também representava a empresa Marechal, da família Gulin, do Paraná, que foi vencedora da bacia operacional 04, operando hoje nas regiões de Águas Claras, Ceilândia, Guará, Park Way e parte de Taguatinga.
O Ministério Público vê indícios de favorecimento às empresas pela atuação do advogado e que Sacha seria “dispensável” na licitação. Toda sua consultoria, ainda de acordo com os promotores, não teve uma “justificativa legal” já que a Secretaria de Transportes poderia ter recorrido à Procuradoria Geral.
Mas não foi somente uma empresa que teria sido beneficiada, segundo o MPDFT.
O escritório Guilherme Gonçalves & Sacha Reck Advogados Associados, empresa de Sacha, prestou serviços para outras duas viações que participaram da licitação do Distrito Federal e venceram: Pioneira e Piracicabana, ambas ligadas à família de Constantino.
A Pioneira opera a bacia 02 que compreende Gama, Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Candangolândia, Lago Sul, Jardim Botânico, Itapoã e parte do Park Way. A Piracicabana detém o lote 01, abrangendo Brasília, Sobradinho, Planaltina, Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte, Sudoeste/Octogonal, Varjão e Fercal.
Além de Sacha Reck, são réus na ação o ex-coordenador da Unidade de Gerenciamento do Programa de Transportes Urbanos, José Augusto Pinto Junior, e o presidente da Comissão Especial de Licitação, Galeno Furtado Monte.
Galeano Furtado era na época sócio majoritário da empresa Alambique Cambeba do Brasil Ltda – sediada em Alexânia (GO), enquanto era também presidente da Comissão de Licitação. Isso contraria lei 8.112/1990 que proíbe servidor público de participar de gerência ou administração de sociedade privada.
O Jornal de Brasília entrou em contato na quarta-feira à noite como Sacha. O Blog Ponto de Ônibus tentou também contatar o advogado nesta manhã. Ambos não foram atendidos.
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